Entrevista a António Carmona e Costa, responsável da HMR no Reino Unido

HMR – No mês de abril, os vinhos HMR tiveram uma presença assinalável em eventos de destaque em Londres. O saldo foi positivo?

António Carmona e Costa (ACC) – O saldo foi muito positivo e temos a destacar o evento da Exceptio que decorreu na Embaixada de Portugal, em Londres. Fomos o único produtor de vinho a participar num evento que juntou um grupo de pessoas muito restrito e com um poder de compra de luxo. Para a ocasião, lançamos o desafio ao nosso importador e juntos levámos a gama Quatro Caminhos. O feedback da organização e dos convidados não podia ter sido melhor e já temos pedido de vendas. Tenho a certeza que conquistámos novos clientes.

HMR – A HMR tem planeadas outras ações para promover a divulgação e promoção dos vinhos HMR no Reino Unido?

ACC – Estamos a trabalhar nesse sentido mas ainda não fechámos datas. Esta situação explica-se essencialmente porque existe uma divisão grande na natureza dos eventos em que participamos ao longo do ano. Por norma, nos primeiros seis meses do ano, trabalhamos eventos para um público do sector e no segundo semestre dedicamos a nossa atenção ao consumidor final. No total estamos envolvidos aproximadamente em oito eventos anuais.

Os eventos para os profissionais têm uma agenda própria e a HMR participa como produtor; o mesmo já não acontece nos eventos pensados para os consumidores onde, na maioria dos casos, assumimos o papel de promotor. Os eventos que organizamos são pensados para nichos muito específicos. Como promotores, estamos obrigados a encontrar as melhores soluções e a melhor agenda para a disponibilidade dos nossos parceiros; muitas vezes, o tempo de oportunidade para colocar em prática os eventos não é tão dilatado como gostaríamos, ainda assim temos tido sucesso em todos os que participamos. Por esse motivo é que ainda não é possível adiantar datas: as estrelas têm que estar alinhadas. Todavia, posso dizer que vamos realizar pelo menos dois eventos até o final de 2013. O primeiro será em parceria com um clube de Classic Mercedes na zona de Reading, a Sillicon Valley do Reino Unido, e desta vez vamos levar as gamas Pousio e Quatro Caminhos.

HMR – Qual a receptividade dos vinhos da HMR no mercado britânico?

ACC – No ano passado obtivemos nove medalhas entre as mais prestigiadas competições do mundo, como o Wine Challenge (WC) e o Decanter World Wine Award. Naturalmente, isso deixou-nos muito contentes porque obtivemos um reconhecimento validado do júri das diferentes competições, que é composto por pessoas muito capazes e talentosas desta indústria.

Por outro lado, e em todas as provas que realizamos até hoje, os vinhos HMR têm deixado uma “pegada” muito positiva, tanto nas provas para profissionais como para o consumidor final. Nesta medida, acho que a receptividade dos vinhos HMR neste mercado é excelente e é com essa força que trabalhamos todos os dias para chegar mais longe.

HMR – Quais são os principais desafios da marca?

ACC – Vou sub-dividir esta pergunta e dizer, em primeiro lugar, que os vinhos HMR são principalmente vendidos no canal on-trade (consumo direto).

No que diz respeito à indústria (trade), temos que claramente continuar a apostar na qualidade dos vinhos, na assistência aos nossos parceiros no terreno e, acima de tudo, estarmos bem atentos aos sinais deste mercado que está a viver um período de grandes desafios.

Como ainda estamos numa fase de “apresentação” dos nossos vinhos e como queremos aumentar o nosso poder de escoamento, estamos conscientes de que temos de encontrar melhores soluções de distribuição. Por isso é tão importante que nos próximos três anos estejamos de novo presentes em competições como a Wine Challenge (WC) ou a Decanter World Wine Award e a participar em acções de promoção, tais como o SITT (Specialist importers trade tastings), o Wines Of Portugal Annual Tasting ou até mesmo na London International Wine Fair. Este mercado é altamente competitivo e não responder às solicitações da indústria pode prejudicar alguns dos nossos investimentos mais recentes. Para além disso, tanto o WC e Decanter World Wine Award são competições que ajudam a comunicar a qualidade dos vinhos HMR em todo o mundo. Apesar dos enormes desafios que temos pela frente, acredito que vamos responder de uma forma robusta às várias solicitações. Não podia ser de outra forma, porque temos uma equipa muito profissional, com uma ampla experiência do sector e que conhece bem a realidade do Reino Unido e da exportação em geral.

Relativamente ao consumidor final o desafio é um pouco mais lato. O consumidor britânico, no ato de selecção de um vinho, rege-se por critérios que passam principalmente pela selecção de castas, região de produção, estilo de vinho e eventualmente, salvo algumas excepções como é o caso do Mateus Rosé, à marca de vinho. Todavia, é claro que a marca HMR tem os seus desafios. Uma vez que somos essencialmente uma marca de restauração, diria que o maior desafio que a marca HMR tem pela frente é o de conquistar os sommeliers e alguns jornalistas do sector, que podem dar um excelente impulso na promoção dos nossos vinhos.

HMR – Como pretende fechar o ano, no Reino Unido (RU)?

ACC – Temos uma ótima relação com o nosso importador e estamos a trabalhar para fechar o ano de 2013 com um crescimento, em termos de faturação, na ordem dos 100%. O nosso otimismo explica-se essencialmente com o facto de termos consolidado algumas contas e conseguido ganhar novas, com especial destaque no sul de Inglaterra, onde vamos iniciar uma parceria com uma empresa bem estabelecida e com um excelente canal de distribuição, principalmente no on-trade (consumo direto), que é aquele onde podemos ter mais sucesso. Os nossos vinhos têm uma relação preço-qualidade muito competitiva em qualquer carta de vinhos.

Ainda assim podemos ir ainda mais longe este ano. Queremos crescer também no canal off trade (consumo indireto) e estamos a desenvolver trabalho muito concreto para colocar os vinhos HMR, pela primeira vez, em prateleiras on-line. Acreditamos que, com este passo, vamos chegar ao consumidor de Londres e conseguir dar um maior seguimento aos eventos que promovemos para os consumidores finais. Temos a certeza de que os vinhos HMR vão ter uma ótima aceitação mas, como ainda não temos base concreta para fazer uma avaliação de receitas proveniente deste negócio, não podemos adicionar este nosso entusiasmo às nossas previsões de vendas mais realistas; tudo indica que os ventos sopram a nosso favor e podemos ter uma boa surpresa com esta aposta.